Capítulo 2 - A burrada

 Decidi ir até a boate da cidade. Era o mesmo lugar em que tinha conhecido Ciro. Comecei a ficar estressada com meus próprios pensamentos, então decidi conhecer pessoas novas para me distrair.

 Mas antes de qualquer coisa, o bar, claro. Cheguei já na intimidade:
- E ai, Ricardo! Me vê o que você tiver de mais puro ai!

 Não sei bem o que estava bebendo, mas gostei e pedi mais. Talvez eu estivesse exagerando... Mas estava tão irritada que não parei para pensar em mais nada.
Aliás, nem sei direito o motivo da minha irritação. Então Ciro ficou com ciúmes do Mark, talvez não fosse tão mal assim.
Não Simone, para. Ele foi infantil e Mark é um de seus melhores amigos!

 Parei de pensar um pouco e comecei a observar o moço que havia sentado perto de mim no bar. Bonitinho ele. Decidi puxar assunto:
- Eu começaria com "você vem sempre aqui" mas talvez seja muito clichê. - eu disse dando aquela cantadinha de leve.
- É um pouco clichê mesmo - ele riu - Mas ainda funciona.

 Ele se aproximou de mim mais ainda. Logo pensei: 
"É hoje! Preciso dar uns beijinhos mesmo"

Logo joguei meu melhor charme para cima dele e, surpresa, Tomás me viu. Por um momento fiquei preocupada se ele iria ligar para Lidia e dizer algo sobre meu quinto copo da bebida que eu nem sabia qual era.

Sei que não deveria ter feito isso, mas fingi não ter reconhecido Tomás. O moço do meu lado, que eu tinha esquecido de perguntar o nome, estava falando algo sobre ser solteiro. Bom, ao menos eu acho que era isso. Admito que não estava prestando atenção, mas como imaginei que ele tinha dado a deixa dizendo estar solteiro, entrei no jogo.

- Nossa, eu também! - disse imaginando que estaria confirmando que sou solteira
- Sério? Eu nunca imaginaria que você também já teve bicheira! Coitado do meu avô, ele nunca vai esquecer - ele disse
Na hora percebi a cagada que tinha respondido. Fiquei morrendo de vergonha mas agora não tinha como consertar. Que vexame!

Mesmo assim, decidi continuar a paquera, até que ele recebeu uma mensagem.

- Tenho que ir, minha esposa está me esperando na lanchonete aqui perto. Estou morrendo de sono. Foi bom te conhecer, Simone! - ele disse

- Nesse caso, também vou indo - me levantei para ir embora.

Tive a sensação de ter perdido a noite. Além disso, poderia ter ficado estudando em casa, como faço de costume. Que dia horrível!

Quando cheguei estava torcendo para que Lidia ainda estivesse dormindo. Como cheguei de manhãzinha estava com medo da bronca que ela me daria se me visse nesse estado.

Dito e feito. Ela já estava acordada tomando café da manhã para ir trabalhar. 
- Chegando a essa hora, dona Simone? - ela disse realmente brava
- Estou cansada, Lidia, nem vem. - eu respondi quase nem abrindo a boca.

- Você sabe que trabalha hoje não é? - Ela disse mais brava ainda
- Shiiiu - eu respondi com toda moleza possível
Lidia pensando: "Se acalma Lidia, respira fundo e conta até dez".

Entrei no meu quarto, acabada, e pude sentir que tinha decepcionado minha amiga. Sinceramente, nunca fiz essas coisas, sempre fui muito regrada, até porque pretendo trabalhar para a NASA.
Preciso fazer algo sobre isso, mas naquele momento, só queria dormir.

Rapidamente caí no sono. Torci para que conseguisse trabalhar a tarde. 

Lidia saindo para o trabalho:
- Se ela pensa que vou deixar por isso está muito enganada.