Capítulo 57 - Recomeço

- E aí? - Lidia chamou - Preparado para dar adeus a essa casa?
- Acho que sim - Mark riu - Apesar de já ter saído daqui uma vez agora é definitivo...

- Não se preocupe, Mark. Acho que mudança pode fazer muito bem, sem contar que a Emma sempre fica animada quando vai para um lugar novo!
- É, acho que você tem razão - Mark concordou

- Apesar que a Emma está chateada com toda a situação - ele se entristeceu - Afinal, sempre achei que quando fossemos fazer uma grande mudança, seria com a Mon. A Emma não vai me perdoar nunca por isso.
- Mark, deixa disso! - Lidia consolou - Ela entende muito bem o que aconteceu. É óbvio que todos queríamos a Mon com a gente nesse momento, mas ela sempre vai estar me visitando. 

- Foi sacanagem demais eu comprar a casa vizinha da sua? - ele riu
- Claro que não! Eu é que não ia te perdoar se me deixasse longe de vocês! Agora levanta essa cabeça que nós temos muita coisa pra arrumar. Provavelmente Tomás e eu vamos ter que passar uns dias em um hotel, ainda precisam acertar algumas coisas do encanamento da casa.

- Oi tia! - Emma entrou no cômodo vazio
- Oi querida! Pronta pra sair?
- Sim, já coloquei as malas no táxi.

- O que foi Tomás? - Lidia riu com a cara do marido
- Será que a Laura vai se adaptar ao hotel? - ele dizia precupado
- Claro que vai Tomás!

- Mal posso esperar pra mostrar pra tia Mon a casa nova! - Emma disse animada
- Tenho certeza que ela vai gostar - Tomás completou
- Precisamos marcar um almoço - Lidia pensou alto

Mark estava ansioso pela nova fase de sua vida, mas também cheio de incertezas. Como sempre, tentava manter o bom humor e pensar em dar o melhor para Emma.

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Alguns dias depois...

 - Pronto! - Lidia colocou Laura sentada no sofá

 - Socorro! - Tomás reclamou depois de terminar de desempacotar as coisas - Lidia!!

 - Acabou? - Lidia perguntou
- Finalmente! Estou com fome, chamei o Mark para vir aqui, vou fazer algo na churrasqueira. O que acha?
- Parece ótimo! Hoje a noite vou sair com a Mon. Não chamei ela ainda porque não sei como estão as coisas com Mark.
- Você pensa em tudo, mulher! - Tomás riu - Eu já teria chamado todo mundo sem querer e criado a maior confusão
- Acho que eles estão bem... - ela comentou - Mas é melhor tomar cuidado

 Enquanto isso, Mark rapidamente chegou

 E logo foi entrando
- Quanto tempo! - ele brincou - Caramba, deve ter feito muito tempo mesmo, sua filha já tem cabelo! Quantos anos vocês ficaram nesse hotel?
- Para de graça, Mark! - Lidia riu - Você sabe como eles crescem rápido
- Realmente, a rapidez que a Emma cresceu é um mistério para mim até hoje.

 Logo todos foram para o quintal dos fundos, onde Tomás começou a churrasqueira enquanto Mark e Lidia foram conversar. 

 Laura veio atrás
- Lidia, a Emma logo vem, ela disse que ia atrasar um pouco - Mark avisou
- Tudo bem - ela respondeu - Como vocês estão?
- Estamos bem, ela gostou muito da casa nova. Eu sinceramente estou um pouco assustado, é a primeira vez que tenho uma casa por conta própria e é muita responsabilidade
- Nem me fale!
- Cuidado, Laura! - Tomás avisou a filha

- Filha, espera que vou te ajudar! - Tomás falou
- Não! - Laura respondeu determinada a descer a escada sozinha

- Você tem notícias da Mon? - Mark perguntou casualmente - Faz tempo que não nos falamos...
- Tenho sim! - Lidia comentou - Quando estávamos no hotel ela veio nos visitar e hoje vou encontrar ela a noite para tomar alguma coisa. Quer dar algum recado? - ela provocou
- Não, não - Mark riu sem graça
- Ela perguntou de você também, Mark - Tomás botou lenha na fogueira - Avisei que agora somos vizinhos

 Laura foi brincar em sua casinha de bonecas

 - Enfim - Mark mudou de assunto - Anda escrevendo muito, Lidia?
- Olha, depois que a Laura nasceu ainda não tive muito tempo, mas estou mais inspirada - Lidia respondeu - Minha sorte é que meus últimos livros estão vendendo muito bem. Especialmente o último romance
- Como se chama mesmo? - Mark perguntou
- A história de Simon e Marsha - Lidia sorriu
- Huuum... - Mark respondeu desconfiado

 - Oi pequena! - Emma cumprimentou Laura quando chegou
- Vem comer pessoal! - Tomás chamou

- Tio, isso ai parece bom hein - Emma disse
- Tomara porque to com fome! - ele respondeu
- Aposto dez simoleons que meu pai já falou da tia Mon - ela disse
- Olha menina, você conhece bem seu pai e eu não estou podendo perder dinheiro - Tomás riu

 - Laura, vem comer aqui! - Lidia chamou
- Nem adianta, já tentei colocar ela aqui e ela saiu - Tomás disse - Gostou do banquinho

- Como está a escola, Emma? - Lidia perguntou
- Olha, tia, eu acho que não quero falar sobre isso - Emma brincou enquanto sentia o bom cheiro da comida
- Emma tá ficando cada vez mais maluca com o colégio - Mark respondeu
- Tá chegando no final, né! - Emma disse feliz e triste ao mesmo tempo

 - Já sabe que faculdade fazer? - Lidia perguntou
- Ah, tia ainda faltam uns dois anos eu preciso pensar. Mas queria escrever bem como você! - Emma respondeu
- Nossa! Obrigada, Emma. 
- Inclusive preciso falar com você depois 
- Sobre o que, posso saber? - Mark perguntou curioso
- É entre eu e a tia, pai - Emma respondeu

- Mas agora preciso ir - Emma se despediu
- Ahh menina! Não acredito que vai dar uma dessa falando que precisa falar comigo pra depois ir embora! - Lidia reclamou
- Emma, você sabe que pode sempre falar comigo, né? - Mark se preocupou
- Relaxa, pai. - Emma respondeu - É coisa de mulher
- Bom, nesse caso te vemos depois - Tomás se despediu
- Tchau pequena! - Emma disse
- Tchau... - Laura disse tímida

 Todos ficaram comendo e conversando mais um pouco. Lidia foi brincar com Laura até o horário de tomar um banho. 
- Tomás, - Lidia chamou - não se esqueça de dar banho na Laura, leite para ela e ler antes de ela ir dormir!
- Pode deixar, mulher - Tomás respondeu


Mais tarde...

- Oi amiga! - cumprimentei Lidia
- Oi!! - ela disse animada

- Vamos entrar? - perguntei
- Claro!

 Logo sentamos no bar para pedir bebidas

 - E ai? - perguntei - Como é a casa?
- É linda, amiga! - Lidia respondeu - Você tem que vir conhecer! Vamos nos sentar nas mesas ali no fundo?
- Claro

 - E então, quando vem ver a casa? - Lidia perguntou - Podia ser hoje né?
- Não está meio tarde? - perguntei 
- Claro que não! Você sabe que pode vir a qualquer horário!

- Mas e você? - ela perguntou - Como estão as coisas?
- Então - comecei - quero sair daquela casa. Amo ela e acho ela linda. Mas traz lembranças demais, sabe?

 - Aí, Lidia! - desabafei - Na verdade tá tudo uma bagunça. Sai com algumas pessoas e foi um desastre total. Provavelmente eu sou o problema, porque sempre que acontece algo bom comigo outras cinquenta coisas ruins vem em avalanche!
- Amiga, não se culpe pelas coisas assim!

 - É sério! - continuei - Parecia que estava tudo tão certinho, mas no meu interior tinha algo me incomodando tanto... E agora não sei se foi autossabotagem ou algo assim.
- Amiga, eu sinto muito por se sentir assim - Lidia disse - E quando as coisas ficam tão complicadas o melhor que a gente pode fazer é destrinchar o problema, ok? Então vamos por partes. Qual a coisa que está te incomodando de forma mais imediata no momento?

 - Olha... - pensei - Acho que o fato de me mudar é sempre um estresse. Parece que estou sempre saindo dos lugares e ODEIO fazer as malas e empacotar tudo. Chegar em um lugar novo também é sempre complicado, tem coisa demais pra arrumar.

 - Pra isso eu tenho a solução perfeita! - Lidia se animou - Você pode só vir morar comigo! Sem estresse porque a casa já está pronta, é só trazer suas coisas!
- Não sei, Lidia - hesitei - Vocês são vizinhos do Mark e apesar de estar bem com ele tento evitar ele o máximo possível...

 - E se eu esbarrar nele e não souber o que fazer? - me desesperei
- Mon, para com isso! - ela disse - Vocês sempre conseguiram resolver as coisas porque sempre foram sinceros um com o outro. Se está incomodada com a situação ele provavelmente também está, porque vocês não conversaram o suficiente. Eu não aceito "não" como resposta! A senhora vai morar comigo e pronto!

 - Aí, Lidia - suspirei - Acho que realmente preciso conversar com ele. E morar com vocês vai ser ótimo pra te ajudar com a Laura, sei que as coisas ficam mais complicadas.
- Vai dar tudo certo! - Lidia disse confiante - Vamos, então?

- Ok! - me levantei com frio na barriga - Vai dar certo

 - Ei! - Lidia reclamou - Quer dizer que já quer voltar a apostar corrida? Nunca vou perdoar o Mark por ter te dado esse costume!

 Depois de correr 30 segundos decidimos chamar um táxi.
- Bom, - Lidia começou - não é muita coisa, mas é um quarto confortável.
- É perfeito! - agradeci - Amanhã vou pegar minhas roupas.

 - Ok, amiga! - Lidia disse - Fica a vontade
- Muito obrigada - agradeci

 Fui dormir decidida a conversar com Mark no dia seguinte. Não queria que a situação entre nós acabasse criando um desconforto entre nossos amigos, por isso acreditei que seria necessário resolver as coisas de uma vez.

Lidia foi dar boa noite para Laura

 E logo foi dormir

 Na manhã seguinte, acordei mais cedo para fazer café da manhã para todos

 - Que cheiro bom é esse? - Tomás perguntou enquanto descia as escadas
- Ovos e torradas - respondi

 - Mon, não precisava ter feito o café - Lidia disse enquanto descia
- Tá tudo bem - respondi - Já está tudo pronto

 - Como foi a noite ontem, meninas? - Tomás perguntou
- Foi ótima - Lidia respondeu - Tomás já está sabendo que você vai ficar com a gente, amiga
- Contou ontem a noite? - Perguntei
- Ela me contou antes de mudarmos pra cá - ele riu 

 - Como assim, Lidia? - dei risada
- Ela sempre te quis aqui, Mon - Tomás riu - A Lidia não vive mais sem você
- É a Mone - Laura apontou
- Sim filha, é a tia Simone! - Lidia explicou

 - Precisa de ajuda para trazer suas roupas? - Lidia perguntou
- Não, obrigada - agradeci - Vou passar no Mark antes de ir e depois pego um táxi

 Depois do café, me troquei e fui até a casa do Mark

 - Tia! - Emma se surpreendeu - Pode entrar! Meu pai tá na sala eu acho, to atrasada pra escola!!
- Boa aula! - falei

 *Ai minha nossa, minha nossa* pensei ansiosa

 - Ei, Mon! - Mark chegou - Eu não sabia que você vinha! 
- Ei! - cumprimentei

 - Você fica bem de laranja - não sei porque disse isso
- Você acha? - ele gostou do elogio - Você tem que ver minha blusa amarela com um gatinho! Vamos na sala!

 - Você sabe que eu não mordo, né? - ri com Mark sentando longe de mim
- Claro... - ele respondeu sem graça
- Estou morando com a Lidia agora...
- Sério? - ele se surpreendeu - Precisa de ajuda para levar as coisas?
- Não - recusei - Só vou pegar umas roupas mesmo. Na verdade Mark, só vim conversar com você

 - Sei que acabamos tudo em bons termos, mas as coisas estão desconfortáveis e tenho medo que isso afete quem está em volta de nós - desabafei
- Também tenho esse medo - ele confessou - Mas não dá pra desligar um botão e deixar as coisas como sempre foram.

 - Eu sei disso - admiti - E olha, peço desculpas por ter estragado tudo entre nós, como sempre. Têm sido assim o tempo todo e eu fiquei muito assustada quando senti as coisas ficando muito sérias. Afinal, meu último relacionamento sério foi um desastre total porque entrei logo de cabeça!
- Mon, seu último relacionamento não foi um desastre porque você entrou de cabeça - Mark disse - Foi um desastre porque a pessoa com quem você casou era um ser horrível!

 - Mark, não é só isso - continuei - Não tenho capacidade de ficar com as pessoas nesse nível. E eu nunca quis te machucar ou prejudicar a Emma. O que nós tínhamos era muito bom e sinto que tirei isso de vocês

 - AH PRONTO! - Mark riu
- Não faz piada! - reclamei

 - Mon, - Mark começou - terminar foi uma decisão nossa. Nossa, não sua. É uma situação totalmente diferente das outras que nós dois passamos. E eu acredito que tem muito carinho envolvido aqui e não vale a pena jogar isso fora. 

 - Alô senhor maturidade - brinquei
- Tô andando demais com a Lidia - ele riu - É sério, Mon. Gosto demais de você pra ficar ressentido por algo que nós dois concordamos em ser o melhor.
- Obrigada, Mark. Também me sinto assim - falei com dificuldade

 - Bom, eu vou indo - me despedi - Tenho muita coisa pra trazer
 - Não quer ajuda? - ele ofereceu mais uma vez
- Não, obrigada

 - Mon! - ele me puxou - Tá tudo bem...
- Obrigada por isso - respondi aliviada

Sai da casa de Mark muito mais leve do que achei que sairia. Agora me sentia pronta para começar (de novo). Mas o que é a vida além de uma série de finais e recomeços, não é mesmo?