Capítulo 53 - Separações

Mark acordou muito disposto a cozinhar alguma coisa. Até que ele se dava bem na cozinha.

Quer dizer, mais ou menos bem...
- O tempero!! - ele exclamou quando o pote escapou da mão

Mas no fim, deu tudo certo.
- Adorei meus biscoitos!

- Ei, pai! - Emma chamou
- Vem cá, filha! - Mark exclamou - Fiz biscoitos!

- Pai - Emma começou - Como você e a tia estão? Vocês parecem bem e ao mesmo tempo não...
- Filha, como você sabe nós terminamos - Mark tentava explicar - Estamos tentando dar um jeito de ajeitar as coisas...
- Ok, isso tá vago demais pra mim
- Pra nós também! - Mark riu - Chama ela pra comer meus biscoitos!

Logo cheguei ansiosa para comer um docinho
- Nossa! - me surpreendi - Tá muito bom, Mark! Não acredito que você foi inventar de aprender a cozinhar direito logo quando não vai mais ficar por aqui...
- Eu prometo que te trago sempre que fizer - ele riu

- Vou explicar para a Emma o que decidimos - ele disse se levantando
- Ok...

- Emma - Mark chamou - Preciso te avisar que a Mon e eu decidimos que o melhor a fazermos é morarmos separados
- O quê? - Emma se indignou - Não acredito que vocês decidiram isso sem mim!
- Filha, eu entendo que fique chateada, mas isso é entre eu e ela
- Não! - Emma se irritou

- Arrrgh! - Emma esbravejou - Eu gosto tanto da minha tia e agora vou ficar longe dela! Seu... seu...
- EMMA!! - Mark se assustou achando que sua filha estava prestes a xingá-lo
- Ave, pai! - Emma desabafou - Desculpa... sei que isso é entre você e minha tia.

- Tá tudo bem - Mark disse se aproximando com cuidado para abraçá-la - Me desculpa por isso, mas você pode sempre vir ver a Mon! Nós estamos bem, terminamos em bons termos...
- Certo - Emma se aliviou - Desculpa pelo estresse - ela riu
- Dá uma empacotada nas suas coisas pequenas - Mark sugeriu

- Nossa - reclamei - Acho que não estou muito bem
- Quer ir ao hospital? - Mark perguntou
- Não - respondi - Acho que o mal estar não é físico

- Sei que é o melhor para nós - continuei - Mas é tão doloroso empacotar as coisinhas dela
- Mon, ela sempre vai vir te ver - Mark me consolou - Que tal sairmos juntos hoje? Pra inaugurar uma nova fase na vida

- Emma! - Mark chamou depois de chegar de sua caminhada - Vamos sair hoje?
- Para onde? - Emma quis colher informações

- Sei lá! - Mark riu - Vamos eu, você e a Mon nos divertir em algum lugar e comer algo
- Ok... - Emma concordou hesitante

Decidimos ir até um bar para jogar dardos, Emma quis testar suas habilidades

Para nossa sorte, Mark era horrível nisso
- Vou me concentrar como nunca!

- Não!! - ele reclamou quando o dardo atingiu a parede
- Desiste, Mark! - comecei a rir

- Ai! - Emma quase caiu com seu salto novo
- Cuidado, Emma! - Mark e eu exclamamos juntos

- Vou te mostrar como se faz, pai! - Emma provocou

- Lá vai!
Fiquei impressionada como ela ficava toda firme, enquanto eu jogava o dardo como se estivesse jogando boliche

- Não! - ela reclamou por não ter acertado o meio

- Viu como se faz, Mon? - Mark provocou
- Para de provocar, Mark! - eu ri
- Vamos dançar gente! - Emma chamou

- Ei, pai! - Emma cutucou o pai - Faz aquele passo lá pra tia ver
- É assim ó - Mark disse dobrando os joelhos
- Ok, Mark acho que já vi o suficiente - comecei a rir por causa do jeito desengonçado que ele dançava

Emma tinha tomado a iniciativa de tentar aprender a tocar violão. Tomás vinha ensinando para ela o básico e ela tentava aperfeiçoar em casa.

- Ai! - ela reclamou ao dar uma bela desafinada
Naquele dia haveria uma festa nos Penhascos e Emma queria que fossemos com ela. Apesar de isso ser muito raro, afinal ela gostava de sair sozinha, Mark e eu rapidamente concordamos, pois percebemos que ela estava chateada por ter que se mudar de casa com o pai.

- Emma! - chamei - Vou só tomar um banho e já vamos, ok?
- Ok, tia! - ela concordou - Vou trocar de roupa.
- Avisa seu pai pra ele ir penteando logo aquele cabelo, senão vamos sair daqui só de madrugada!

Finalmente, chegamos aos Penhascos.

Mark, com preguiça de pentear o cabelo, decidiu só prender mesmo. Logo foi cumprimentando o bartender.

O jeito de Mark logo chamou a atenção da moça e, não demorou muito para que eles começassem uma conversa animada.

- Dizem que é possível ver um monstro no mar aqui, acredita? - ela dizia

- Sério? - Mark caiu na risada - Nossa, imagina só! 
- Claro que é só uma lenda boba - ela continuou

Sei que não tinha nada demais, mas o recente término me deixou muito insegura em relação a Mark. Algo me dizia que ele rapidamente se esqueceria do que já tivemos um dia.

- Oi, Mark! - exclamei - Ocupado?
- Não - ele respondeu - Estava conversando com a Amanda sobre a lenda do monstro 

- Ah, é? - fingi interesse, não tirando os olhos de Mark - Nossa quem diria, nunca conheci essa lenda
- É bem famosa - Amanda comentou - Mas não acho que seja verdade
- Vai saber - Mark disse - Apesar que muitas vezes na história as lendas locais se mostraram ser parte de algo que realmente acontece na vida de uma sociedade
Logo os dois embarcaram em um assunto e, Mark entusiasta de história e antropologia que é começou a tagarelar, mas me senti totalmente de fora. Decidi sair de perto, afinal Mark e eu não tínhamos mais nada e eles só estavam conversando.

- Vamos ver, ar puro - falei sozinha com a natureza - Limpe meus pulmões

- Moooooooon! - Mark gritava de longe

- Quem será esse imbecil gritando? - reclamei sem reconhecer a voz de Mark - NOSSA! O MONSTRO!

Não consegui tirar os olhos daquela criatura
- Não pode ser - me indignei - Deve ser alguma fantasia, algum robô

- Mooooon! - Mark continuou o escândalo
- Nossa, tinha que ser ele - ri, ainda estagnada pelo que tinha acabado de ver - Mark! Acabei de ver o monstro!

- Sério? - Mark disse sem me dar muito crédito - Não vejo nada
- É porque ele já voltou pra água, né! - expliquei
- Ahãm - Mark riu
- Mas pode ser de mentira, um robô, alguém fantasiado, não sei - tentei me defender

- Alguém chama o Scooby-Doo! - Mark riu
- Para de ser besta! - dei um tapa no ombro dele
- Tá tudo bem com você? - ele perguntou - Primeiro me deixa falando sozinho e agora vê monstros no lago
- Mark, para de ser chato! - reclamei - Se falei que vi é porque vi! E não te deixei falando sozinho, eu já não estava na conversa.

Emma acabou vendo Scott na festa, mas não se importou. Ela queria dançar e se distrair. E, logo que chegou, ele recebeu um telefonema e nervoso, saiu do local. Emma deduziu que provavelmente sua mãe o mandou voltar para a casa.

- Nossa! - Mark continuava reclamando - Não precisa ser grossa.
- Desculpa, Mark - respondi - Vai dançar com a Emma, vou ficar ali sentada
- Mas fala comigo - Mark me perseguia

- Mark! - exclamei - Por favor, me deixa quieta! Vai achar outra moça que tenha mais a ver com você pra conversar, alguém que queira as mesmas coisas!
- Eeeeita! - ele reclamou - Quer saber? Vou fazer isso mesmo. Vai se acalmar pra lá!

- Que droga! - pensei - Não queria ter discutido com Mark, mas minha cabeça estava a mil. Ao menos Emma estava se divertindo.

Não demorou muito e Mark seguiu meu "conselho". Encontrou uma moça e logo começaram a conversar sobre sabe-se lá o quê.

Fui ao bar, mas para procurar algo pra comer mesmo. Nessas situações a comida me deixa mais calma

- Ai, Mark - pensava enquanto enchia o bucho - Sinto muito por não saber fazer dar certo.

Certamente sentiria muita falta dos dois morando comigo. Mark com suas palhaçadas e Emma com o senso de humor do pai, mas seu jeitinho único. Me lembrei da minha foto preferida com Emma na qual Mark saiu no fundo perguntando se íamos comer o último pedaço de pizza. Talvez tudo isso estivesse acontecendo por um motivo...